21/10/2019 8º Hora dos In-confidentes: “A tensão entre confiar e expor”
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No dia 19 de outubro, a Faculdade Dom Luciano Mendes (FDLM) realizou o 8º evento da “Hora dos Inconfidentes” que contou com a presença do Prof. Ms. Jacil Rodrigues de Brito que desenvolveu o tema: “A tensão entre confiar e expor”. Contamos também com a presença do Prof. Dr. Pascal Pezzé e dos discentes e docentes do curso de graduação em Filosofia da comunidade acadêmica da FDLM. Também se fizerem presentes membros dos cursos de extensão da faculdade, alunos do Instituto de Teologia São José (ITSJ) e vocacionados do Grupo de Orientação Vocacional (GOV).

A explanação do tema teve início com a inspiração do conto “A hora e a vez de Augusto Matraga”, de Guimaraes Rosa. A partir do personagem Augusto o objetivo era pontuar o itinerário de maturação humana que, na compreensão do conferencista, está ancorado no tripé: confiar, tencionar e expor. A vida acontece durante a travessia da fase infantil à fase adulta.

Na primeira fase está localizada os nossos medos de nos expor e, consequentemente, o fechamento em si, as chantagens, a intolerância e as agressividades. Na segunda fase, por sua vez, é alcançada a maturidade marcada pela abertura ao outro e ao novo, pela coragem de se expor ao enfrentar os obstáculos necessários para o crescimento pessoal e coletivo. No início da conferência, o professor Jacil citou o filósofo franco-lituano Emmanuel Lévinas, na sua afirmação de que onde a palavra não é proferida, falta alteridade. A ausência de alteridade na sociedade atual é responsável pela intolerância e o cansaço do outro.

A multidão não alcança a maturidade justamente por ignorar o outro, por não permanecer firme nesta relação diante dos obstáculos. É interessante notar que, em todos os exemplos citados por Jacil, o “outro” foi importante no itinerário de maturidade de cada personagem destacado: no conto de Guimarães Rosa a presença de Serapião e Quitéria na vida do personagem Augusto; nos contos populares tais como “Chapeuzinho Vermelho” a presença da mãe que impulsiona a filha à floresta, em “A Bela e a Fera”, o pai que motiva a sua filha Bela a dizer sim ao obstáculo apresentado; na Bíblia Jacó que expõe seu filho José acelerando o seu processo de maturação, bem como a de seus irmãos.

No itinerário de maturidade a alteridade é essencial. A maturidade é alcançada na medida da coragem de se expor e se colocar a caminho, que carece, necessariamente, da proximidade de pessoas maduras. Jesus Cristo é citado como simbólico da humanidade madura, sendo que Adão representante da fase infantil e Salomão, a juventude. Nicodemos, seguido de muitos outros, é um bom exemplo de quem, ao aproximar de Jesus, percorreu virtuosamente o itinerário da maturidade.

Terminamos o encontro cantando, num só coro, a música “Romaria”, de Renato Teixeira que, segundo Jacil, é de uma grandiosidade tamanha nascida da sensibilidade da alma de um poeta de consciência esclarecida e esclarecedora.

Créditos: Texto – Sandro José – discente do segundo ano de filosofia;
Foto: Cassio Patrício Barbosa dos Santos