06/12/2022 DEFESAS DE BANCAS MARCAM OS ÚLTIMOS DIAS NA FDLM
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O que é monografia?

Etimologicamente, monografia (monos-graphein) significa dissertar a respeito de um assunto particular (SALOMON, 1999, p. 253). No meio acadêmico, designa “[…] um trabalho sistemático e completo sobre um assunto particular, usualmente pormenorizado no tratamento, mas não extenso no alcance” (American Library Association apud MARCONI; LAKATOS, 1992, p. 151).

A monografia é o formato adotado para o TCC de graduação em Filosofia na Faculdade Dom Luciano Mendes- FDLM. Segundo Dalberio e Dalberio (2009, p. 93), o que se espera do estudante no trabalho de graduação é que amplie seu vocabulário e, por conseguinte, sua cosmovisão. Assim, a monografia não se pretende exaustiva, mas deve expressar conhecimento do assunto e domínio metodológico.

O mais comum é versar sobre um assunto específico tratado por um determinado filósofo, mas pode também relacionar mais de um filósofo ou mesmo focar uma questão filosófica; entretanto, o estudante e seu orientador devem considerar com prudência o tempo de que se dispõe para realização do trabalho, delimitando bem o tema a ser pesquisado.

Defesas de bancas marcam os últimos dias na FDLM

Os últimos dias da FDLM foram marcados pelas apresentações e defesas dos trabalhos de conclusão de curso – TCC. Momento de grande importância para toda a comunidade acadêmica, este é fruto de um caminho percorrido pelos discentes que, com maestria, após a realização de suas pesquisas apresentam os seus resultados diante de uma banca examinadora formada pelo professor orientador, que acompanhou o aluno nesta empreitada, o primeiro leitor, membro do corpo docente da faculdade, e um segundo leitor, membro externo a instituição.

Tendo início no dia vinte e dois (22) de novembro as bancas foram apresentadas ao longo de duas semanas, se encerrando na tarde do dia primeiro (1) de dezembro. Contando com a participação da comunidade acadêmica, professores e alunos, e a comunidade externa, familiares e amigos, as bancas se deram de forma hibrida, ampliando o acesso para aqueles que estavam em outras cidades, e até mesmo em outros países, como os leitores que estão na Itália e em Portugal.

Abrimos as apresentações com o discente Pedro Vitor Taciano de Oliveira, que desenvolveu a sua pesquisa em Hannah Arendt “Sobre o totalitarismo e o fundamento da dignidade humana e dos direitos humanos”, tendo como orientador o Ms. Pe. Euder Daniane Canuto Monteiro, primeiro leitor o Dr. Maurício de Assis Reis e o segundo leitor o Dr. Geraldo Adriano Emery Pereira (CAP-Coluni/UFV).

Afirma o aluno que no seu trabalho monográfico foi proposto traçar um caminho, à luz do pensamento arendtiano, que possibilitou uma leitura do sistema totalitário. Segundo o discente “Nos meandros de nossa pesquisa, nos aprofundamos em três ideias principais, a saber, a) as massas: como são constituídas e a importância que representam na estrutura totalitária; b) o mal, e como sua banalização prepara o caminho para a superfluidade do homem e possibilita os campos de concentração; c) os direitos humanos, na perspectiva de sua ausência, tal como a falta de uma estrutura estatal: possibilidades pelas quais o “tudo é possível” do totalitarismo pode ser efetivado”. Por fim, ele conclui dizendo que terminou o trabalho com a imagem da perda do direito a ter direitos, da alienação da cidadania, como a destruição da dignidade humana, no regime totalitário.

Na tarde do dia vinte e três (23) foi a vez do aluno André Lopes da Silva defender o seu trabalho sobre “A filosofia como cura para a alma na obra Sobre a vida feliz de Sêneca”, sendo acompanhando pelo professor Ms. João Paulo Rodrigues Pereira e contemplado pela leitura do Dr. Rodrigo Alexandre de Figueiredo, primeiro leitor, e do Ms. Mário Gomes Ferreira (UEMG), segundo leitor.

Em sua pesquisa monográfica o discente se propôs apresentar a filosofia como cura para a alma humana. Segundo ele, a filosofia, enquanto atitude primordial da natureza humana que é identificada como instrumento para o aperfeiçoamento moral, impede que o homem se torne um ser dominado pelas paixões. O discente diz que “abordando alguns princípios da filosofia estoica de Sêneca buscamos (ele e seu orientador) também compreender a força da formação filosófica nesse processo de instruir o homem a agir de acordo com a sua natureza racional e alcançar assim a cura da alma, uma força interior, o que ele chama de “firmeza de alma”, uma alma capaz de suportar os reveses do destino”.

Concluímos o presente dia com a exposição da pesquisa realizada pelo discente Diego Souza Almeida, com o tema “Sobre o conceito de amizade na Ética a Nicômaco de Aristóteles”. Este teve por orientador o Dr. Pe. Edvaldo Antonio de Melo, o primeiro leitor o Dr. Rodrigo Alexandre de Figueiredo, e o segundo leitor o Ms. Mário Gomes Ferreira (UEMG).

Segundo o aluno, o seu trabalho teve como objetivo principal abordar o pensamento de Aristóteles acerca da temática da amizade (philia), a partir da análise, sobretudo dos livros VIII e IX da obra Ética a Nicômaco, apresentando os três tipos de amizade e considerando que há uma amizade perfeita ou verdadeira fundada sobre o bem. Ele diz que “Considerei essa temática interessante pelo fato dela ser de suma importância na vida dos homens, já que ela é uma das vias para se alcançar a felicidade, que é o bem supremo almejado por todos”. Ainda conclui dizendo que “Entende-se que hoje poucas são as pessoas que de fato sabem o significado verdadeiro e profundo desse termo. Ora muitos dizem que não tem amigos, ora estão cheios deles”.

Fechando a primeira semana de apresentações, o dia vinte e cinco (25) foi a vez do concluinte Claudinei Corrêa Freitas, abordando “A justiça como centro da teoria moral de Santo Anselmo”, sob a instrução do Dr. Pe. Edvaldo Antonio de Melo, tendo por leitor o professor Dr. Rodrigo Alexandre de Figueiredo e a Dra. Maria Aracoeli Beroch, que nos acompanhou diretamente de Roma.

Ao discorrer sobre a sua pesquisa o aluno diz que o objetivo do trabalho foi trazer uma reflexão acerca do pensamento de Santo Anselmo de Cantuária. Para isso foram tomadas as duas obras mais conhecidas de Anselmo, o Monologio e o Proslogio, nas quais a justiça se apresenta como essência divina e o De Veritate, no qual a justiça se relaciona com a ação humana. O discente conclui afirmando que “a justiça se relaciona reciprocamente com a retidão da vontade e com a verdade”.

Seguindo as apresentações, abrimos a segunda semana, dia vinte e oito (28), com a apresentação do discente Eduardo Lucas Rocha, que abordou “O problema da felicidade no pensamento de Santo Agostinho de Hipona”, com o auxílio do professor Ms. João Paulo Rodrigues Pereira e dispôs da leitura do Ms. Pe. Adilson Luiz Umbelino Couto e do Ms. Gabriel Afonso Vieira Chagas (UFMG/CTPM/EEBP).

O discente, em sua pesquisa, refletiu sobre o problema genuinamente humano, intrínseco ao homem de todas as épocas, inclusive contemporâneo. Para isso ele se vale da reflexão de Santo Agostinho de Hipona, que busca unir Filosofia e Cristianismo, de modo que correlaciona elementos cristãos com a razão e reflexão humanas, próprias da filosofia. O aluno conclui que, “dessa forma, a posse de Deus é apresentada como sendo a felicidade, de maneira que é na esperança pela beatitude eterna que o homem se realiza na vida presente, de modo a estar atento à sua abertura essencial e natural à transcendência”.

Nesta mesma tarde acompanhamos também a defesa do aluno Bruno César de Matos, que trouxe para a discussão “O homem como ser paradoxal: um estudo sobre a concepção antropológica em Blaise Pascal”. Em sua pesquisa, o discente foi orientado pelo Ms. Pe. Euder Daniane Canuto Monteiro, e teve o Ms. Pe. Edmar José da Silva por primeiro leitor e o Ms. Iracy Ferreira dos Santos Júnior (USP) por segundo.

O seu trabalho teve por objetivo principal apresentar a concepção antropológica no pensamento de Blaise Pascal e a problemática do paradoxo a partir da sua obra Pensamentos. O discente apresenta o caminho traçado dizendo que iniciou a pesquisa identificando, no primeiro capítulo, as influências no pensamento pascaliano, a saber, jansenismo, estoicismo e ceticismo, e o contexto geral que o pensamento do autor está inserido.  Ele continua a sua fala apontando os aspectos do segundo capítulo que buscou descrever como Pascal conceitua o ser humano: um ser paradoxal, ou seja, constituído de grandeza e miséria. Conclui sua fala dizendo que “por fim, apresentamos, também, que as reflexões antropológicas de Pascal conduzem o homem a uma necessidade de equilibrar a sua vida na pessoa de Jesus Cristo. N’Ele o homem não fica apegado nem à sua grandeza e nem à sua miséria”.

Na sequência, dia vinte e nove (29), foi a vez do concluinte Rômulo Tadeu Vieira Ribeiro, expor os resultados da sua pesquisa sobre “O personalismo de Emmanuel Mounier como resposta aos reducionismos do capitalismo e do marxismo”. Para o bom êxito de seu trabalho o aluno foi orientado pelo Ms. Pe. Edmar José da Silva e foi contemplado pela leitura dos professores Dr. Pe. Edvaldo Antonio de Melo e Ms.Wander Torres Costa (NACAB).

Nosso trabalho teve como objetivo analisar, a partir da filosofia de Emmanuel Mounier, a compreensão da pessoa humana e apresentar a crítica do autor francês em relação aos sistemas do capitalismo e do comunismo, propondo assim uma interpelação diante dos reducionismos antropológicos causados por ambos os sistemas.

Concluímos o dia com a defesa do aluno Leonardo dos Santos Moreira, abordou “Natureza e potencialidade da alma humana em Santo Agostinho”, sob a orientação do Ms. Pe. Adilson Luiz Umbelino Couto, tendo como primeiro leitor o Ms. João Paulo Rodrigues Pereira e segundo leitor o Ms. Cézar Augusto Dias Garcia (UCP / Lisboa).

O trabalho monográfico do discente Leonardo dos Santos Moreira teve como objeto de pesquisa a obra Sobre a potencialidade da alma em Santo Agostinho, desenvolvendo, como tema, a natureza e potencialidade da alma humana, em que no desenvolvimento do trabalho, perpassou pela revisão bibliográfica do autor, suas influências e construção de seu “filosofar na fé”, evidenciando a filosofia da interioridade, chegando nas análises dos conceitos sobre natureza, potencialidade e graus de magnitude da alma humana na obra principal do trabalho, destacando a necessidade do homem voltar à sua atenção para as realidades da alma e não fiar somente sua atenção nas realidades materiais do corpo.

Finalizamos as apresentações na tarde de quinta-feira, dia primeiro de dezembro (1), com a primeira defesa realizada pelo discente Róbinson dos Anjos Moura, que trouxe para a discussão as “Especulações kantianas em torno ao gosto: análise conceitual moderna e possibilidades hermenêuticas contemporâneas”. Este foi orientado pelo Dr. Maurício de Assis Reis, e teve a sua pesquisa avaliada pelo Ms. Pe. Euder Daniane Canuto Monteiro e pelo Dr. Mauro Rocha Baptista (UEMG).

Segundo o discente, a pesquisa foi idealizada no anseio de apresentar a reflexão a respeito da temática do gosto, através da “Analítica do Belo” na obra Crítica da faculdade de juízo de Immanuel Kant, avaliando suas implicações para as discussões estéticas contemporâneas. Conclui dizendo que “Por meio de uma análise filosófica-histórica, consideramos as variações da estética e do juízo de gosto anteriores à Kant para adentrarmos na crítica do autor sobre a faculdade de julgar. Além disso, partindo da compreensão clássica da temática do gosto, passando pelo problema na análise kantiana, buscamos atualizar a problemática, dentro de paradigmas contemporâneos”.

A segunda defesa deste dia foi realizada pelo concluinte Vinícius Fabiano Lima Silva, que tratou o tema “Da filosofia do direito de Hegel à proposição de uma monarquia constitucional”, sob a instrução do Dr. Maurício de Assis Reis, contando com a leitura do Ms. Diác. Robson Adriano Fonseca e do Dr. Robson Rocha de Souza Júnior (UEMG).

Em sua pesquisa o discente tem por propósito uma defesa da monarquia constitucional, considerando sua razoabilidade como um modelo de arranjo político do Estado na atualidade a partir do estudo da obra Princípios da Filosofia do Direito de Hegel.  Neste intuito o aluno apresenta a dialética como modelo filosófico hegeliano, considerando as características que são próprias ao autor. Ele ressalta ainda a abordagem direta de sua filosofia do direito, considerando os três momentos do direito, a saber: o direito abstrato, a moralidade e a eticidade. Por fim, demonstra a proposta de Hegel a respeito da monarquia constitucional na configuração estrutural do Estado na sua consideração na atualidade face ao discurso sobre a crise das instituições democráticas.