06 a 07 de março de 2023
Tema: “O novo normal – o nosso pós-pandemia”
Primeiro dia do evento
Iniciamos a noite do dia 06 de março, com a fala de boas-vindas do diretor acadêmico e coordenador do curso de filosofia, Pe. Edvaldo Antonio de Melo. Em seguida, com a palavra do discente, João Basílio, motivando a todos para o evento.
O palestrante da noite foi o pesquisador Gregory Rial, ex-aluno da FDLM, que fez mestrado em filosofia pela FAJE e doutorado em comunicação pela UFMG, e atualmente, com trabalho dedicado na ANEC.
Segundo Gregory Rial, “Pensar não é uma tarefa simples”. Gregory destacou que a FDLM o instigou no caminhou da sabedoria, citando, por exemplo, as aulas de pe. Edmar e de outros professores. Fez memória ao Pe. Lúcio Marques, prof. Mauro Cesar de Castro e Rafael Basso que se encontram no exterior. E citou as aulas de pe. Edmar, como rigor sistemático; e destacou também as aulas de pe. Edvaldo dizendo que era um “método espiral”, que começava em um lugar e terminava em outro…
Gregory afirmou com alegria que a sistematização do pensamento foi fundamental e que a FDLM abriu muitas portas para a vida dele. A primeira porta aberta foi a da docência. “A faculdade de Mariana foi a única graduação que fiz. Depois fiz a livre docência e consegui meu primeiro emprego numa escola em BH, na qual passei vários anos lecionando”. Além de docente, Gregory relata também que teve a oportunidade de ser gestor escolar. “A FDLM nos ajuda a dialogar com a sociedade. Mas do ponto de vista do trajeto intelectual, o amadurecimento é poliédrico”. E continuou afirmando: “A FDLM nos ensinou a sermos inteligentes, críticos e, sobretudo, a sermos bons”, numa costura afetiva e intelectual.
Segundo dia do evento
Iniciamos o segundo dia do evento, dia 07 de março de 2023, com as palavras do Prof. João Paulo afirmando: “na maioria das culturas, o passado se encontra à nossa frente e o futuro às nossas costas. O passado se encontra diante dos nossos olhos. Já está construído, não pode ser alterado”. São mais de 10 anos que a FDLM faz parte de minha vida. Obrigado ao seminário de Mariana! De acordo com a sua pesquisa, a FDLM possui mais de 200 alunos formados na graduação e mais de 1500 alunos formados na pós graduação e extensão.
A segunda fala foi do egresso Carlos José Pires. Em sua fala, afirmou que pensar o egresso da FDLM é pensar na experiência dentro da Arquidiocese de Mariana. Segundo ele, o filósofo é filho do seu tempo. Daí o sentido de se pensar a atuação dentro da Arquidiocese de Mariana, em seus 79 municípios. A FDLM nasce com resposta a um chamado, nasce no chão da vida. E assim nos preparamos legitimamente e autenticamente do chão da pergunta: Senhor, o que queres que eu faça?
Nossa Arquidiocese é marcadamente rural, saímos do senso comum e passamos para um saber filosófico, que é a base epistemológica, científica e do código ético-político do Ocidente. O filósofo é filho de seu tempo. E continuou dizendo que a filosofia não aceita mediocridade. Eis o sentido do caminho vocacional sacerdotal, pensado com o coração em Dom Luciano: amar a verdade, combater o erro e lutar pela justiça. Não abandonem a vocação de serem filhos de seu tempo!
O terceiro a falar foi o diretor da Faculdade Dom Luciano Mendes, Pe. Edmar José da Silva, e que estava no ato de fundação da Faculdade Dom Luciano. Pe. Edmar discursou sobre a questão: “Quem tem medo da Filosofia?” citando os inimigos da filosofia a partir do pensamento de Karl Jaspers: 1º) os que consideram o bem material como razão de ser da vida; 2º) a razão técnico-científica; 3º) os que querem dominar os outros; 4º) os fanáticos e radicais; e ainda acrescentou os inimigos de hoje, que são as fake News.
Em seguida, houve a apresentação da Karine de Souza, com a pergunta: “Quem tem medo do TCC?” Segundo Karine, foi através de uma conversa com José Mário, que estava fazendo TCC em Pierre Hadot, que surgiu a vontade de cursar filosofia.
E em se tratando propriamente do tema sobre o “novo normal”, Pe. Magno Murta iniciou brincando: “Se é novo não é normal, e se é normal já não é novo”. E acrescentou: “Sofremos de uma normose, daquilo que é uma mesmice”. E continuou: “Até a filosofia precisa sair do normal”. A revolução francesa nos trouxe, por exemplo, a temática: liberdade, igualdade e fraternidade. Mas será que é tão normal assim?
De acordo com Pe. Magno, sofremos hoje uma crise do normal: o que é normal não é criativo, mas simplesmente aquilo que é cumprido. O novo normal é mais antigo do que pensamos. Ou somos medrosos ou criativos. Para sermos criativos precisamos de ser ousados. Citou, por exemplo, Noé, que depois do dilúvio vê que a terra é fértil. Ele descobriu que o dilúvio não foi tão ruim assim, pois fecundou a terra. O costume nos leva a adotar a norma, mas não a norma pela norma.
Outro aspecto trabalhado pelo Pe. Magno foi a doença da informatose. Segundo ele, o nosso tempo passou a usar a informática não apenas para conhecimento, mas para termos informação. De modo crítico, perguntou, é normal, por exemplo, os casos de suicídio? Não.
Pe. Magno continuo apresentando uma versão criativa do novo normal na Bíblia, citando, por exemplo, o “lockdown de Jonas”, na barriga da baleia. Noé, depois do dilúvio que viu que a terra era fecunda; e o próprio Jesus quando afirmou: “foi dito assim, eu, porém, vos digo…”
Nesse sentido, Pe. Magno concluiu que o “novo normal” precisa de assumir a realidade e se lançar numa nova realidade. Os filósofos foram capazes de saíram do normal porque ousaram pensar… Todos que conseguem dar um salto do normal para o “anormal”, cria uma teoria. Freud, por exemplo, saiu do normal e criou uma teoria para atender os casos de histeria. O filósofo não pode aceitar simplesmente o normal, mas dar um passo além. Não tem jeito de passar pela filosofia e não filosofar. Se quiserem ser criativos, não busquem o novo normal, mas seja natural e enfrentando o anormal.
Concluímos o evento com a fala do diretor administrativo da FDLM, Pe. José Geraldo Coura afirmando “Toda mudança de paradigma traz inquietação. Inseridos na história, precisamos de sermos capazes de dialogar com este mundo. Se não aproveitarmos este momento, perdemos a oportunidade de crescermos”.
Um curso que fazemos nos dá um ganho fundamental. Algumas situações em que na confissão as pessoas podem ser encaminhadas para uma análise.
Dom Luciano já dizia que o grande desafio no sacramento da penitência é ajudá-la a refletir o caminho que deve ser feito. Para a filosofia o aspecto criativo consiste em dar o salto.
Pe Juca motivou a todos para a leitura do texto de Freud sobre “luto e melancolia”. Por que nasce a inquietação de Freud com a escrita deste texto? Por causa de uma inquietação com a própria ciência. Em 1914, Freud fala para a sociedade psicanalítica.
Em um rascunho de 1897, Freud já fala sobre o complexo de Édipo. Depois o tema volta, e Freud trabalha a questão do narcisismo. Na sequência, desenvolve o pensamento do superego e o sentimento de culpa. E concluiu dizendo que o luto se desenvolve devido a uma perda, já a melancolia surge com a perpetuação do luto.
Texto: Padre Edvaldo Antonio de Melo
Fotos: Caio César Gomes Amora