O penúltimo dia da Semana Acadêmica Dom Luciano, realizado na noite de sexta-feira, 25 de agosto, foi marcado pela exposição do professor Geraldo Luiz de Mori (SJ – FAJE) com o tema “Sentir com a Igreja em Dom Luciano”. O diálogo entre a pesquisa do professor e as experiências dos padres, no terceiro dia do evento, está na compreensão do coração humano de Dom Luciano que soube acolher a graça divina e colocar em prática o mistério da salvação de amar o próximo.
Esse lugar de encontro no coração de Dom Luciano revela dois aspectos de sua vida, primeiro, a humanidade de dor aos pobres — por amor a Deus; e segundo, a espiritualidade encarnada unida a Cristo. Assim, conhece-se a identidade de um homem que compreendeu o sentido de sua existência no ato de se fazer totalmente humano para sacrificar — porque sentir dor, dizia Liev Tolstói, é saber que está vivo, agora sentir a dor dos outros é ser um humano. Ele também foi fielmente obediente à vontade divina para amar.
Direcionado para esse centro (humano e espiritual) da vida de Dom Luciano, que o professor Geraldo Luiz de Mori explicou o crescimento dos atos heroicos concretos a partir das “Regras do sentir com a Igreja Militante”, de Santo Inácio de Loyola. Os ensinamentos das regras têm como finalidade uma vivência autêntica da fé cristã.
O professor observou que as regras de Santo Inácio de Loyola foram encarnadas nas experiências reais de Dom Luciano. Isso foi possível porque, ainda na tenra idade, a manifestação do sentido da fé, o “sensus fideis”, despertou-o para uma experiência real da santidade. O pedido a Deus era de “ser santo”.
Portanto, as regras de Santo Inácio encontraram o terreno propício para dar frutos. Foi no coração de Dom Luciano, que as sementes lançadas, nasceram os atos de doação e amor à humanidade que sofre.
Pode-se compreender a manifestação das regras, explicou professor Geraldo Luiz de Mori, em dois momentos: primeiro, no contato interior com as verdades meditadas, nos ensinamentos de cada ponto da espiritualidade da Companhia de Jesus – SJ; e segundo, no confronto com a realidade: a História foi o cenário de sua atuação; não fugiu dos acontecimentos do tempo, dos períodos de crises no Brasil e na América. Ele se fez ouvir com atos do “sentir com a Igreja”, que é — afirmou Geraldo Luiz Mori, “o rosto de Cristo que se apresenta”.
Dessa forma, concluiu o professor que, Dom Luciano, desde a tenra idade desejou a santidade, e na primeira oportunidade deixou que a ação da graça de Deus, nas regras de Santo Inácio de Loyola, encarnasse em sua vida. Assim, nasceu um homem, um padre, um bispo e um santo para o sacrifício em favor dos pobres.
É com essa compressão da vida de Dom Luciano que perpassou nas conferências e mesas da 6ª Semana Acadêmica dedicada à sua memória. Os ensinamentos que os participantes colheram foram orientações práticas para as dúvidas e inquietações neste tempo e, sobretudo, um caminho para experimentar o amor de Deus na vida cotidiana.
Texto: Lucas Rocha
Fotos: Caio Amora