15/05/2024 Papel da CAMAR no Município de Mariana e o trabalho invisível dos catadores
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A Associação de Catadores de Material Reciclável de Mariana (CAMAR) atua no município de Mariana desde 2008 na coleta e reciclagem do lixo. Segundo Maria da Conceição (Cidinha), todo o projeto da Associação foi construído conjuntamente com os catadores, Prefeitura e empresas parceiras da região, com o objetivo de atender o meio ambiente e a comunidade local. Os desafios foram grandes para a associação: profissionalizar o negócio, entender os valores dos resíduos e buscar parceiros. A Associação também teve seus trabalhos com base na Agenda 21 que tem o objetivo adotar o desenvolvimento de uma postura cidadã que pode vir a se tornar uma alternativa eficaz para a minimização dos impactos causados pelo desenvolvimento econômico e social.  Assim foi criada a CAMAR, com o foco de reciclagem que perpassa o trabalho de educação ambiental e a coleta seletiva.

Atualmente localizado na Rua Pollux, 30, bairro Cruzeiro do Sul, o projeto nasceu do trabalho realizado no “lixão”. Segundo Cidinha, “as pessoas nem sabiam que tinham tantas famílias que tiravam seu sustento dentro do lixão. Na minha casa éramos 11 pessoas, e todos desempregados. E para nós mulheres, o trabalho era mais difícil ainda. E então começamos a ir para o lixão catar ferro velho, juntar papelão, e foi assim que começamos a sobreviver e entender a importância desse trabalho para sociedade e para as famílias”.

Percebe-se que o trabalho realizado na CAMAR tem atenção especial ao trabalho dos catadores, tentando propiciar discussão em torno da ressignificação dos resíduos/rejeitos – lixo sujo na qual as vezes é levado para a associação. O trabalho invisível que a CAMAR e seus catadores realizam é muitas vezes negligenciado. Tratados conforme relatos de incompetentes, irresponsáveis, é preciso que a sociedade tenha empatia, solidariedade, entendendo que é preciso fomentar a consciência quanto ao trabalho realizado pelos catadores, pois, muitos materiais recicláveis chegam misturados com lixo orgânico e até materiais contamináveis, o que oferece risco aos catadores na realização de suas tarefas e fazer com que a sociedade perceba que a CAMAR hoje é oportunidade de trabalho e inclusão de vida para muitos de seus funcionários, é dar voz, espaço a essas pessoas.

Atualmente, além do processo de coleta seletiva no qual se separam plásticos, metais, alumínios, vidros, embalagens longa vida, garrafas pets, dentre outros, a CAMAR possui um museu e biblioteca com livros e peças retiradas dos rejeitos o que propicia resgate de memória, identidade e cultura.

Enfim, a CAMAR exerce seu papel desde a coleta, triagem, bem como a destinação de materiais recicláveis para a reciclagem, mesmo que de forma invisível, excluídos socialmente e economicamente, eles transformam um dos maiores problemas ambientais em soluções sustentáveis para o município e para a sociedade.

Texto: Pe. Edvaldo Antônio de Melo e Maria Elisa Silva Mendes
Fotos: Pe. Edvaldo Antônio de Melo