A cidade de Mariana sediou na noite da última quarta (21) a discussão promovida pela Semana Dom Luciano, na Região Norte, sobre o tema “Os rostos da desolação”, baseada nos 40 anos de realização da Conferência Episcopal Latina-America, em Puebla. O coordenador arquidiocesano de pastoral, padre Edmar José da Silva, o pároco da Paróquia São João Batista, de Barão de Cocais, padre José Antonio de Oliveira, o seminarista Carlos Heitor Fidelis e o diretor acadêmico da Faculdade Dom Luciano, padre Edvaldo Antônio de Melo, compuseram a mesa. O evento reuniu 97 participantes no Auditório do Colégio Providência.
O seminarista Carlos Heitor introduziu o assunto, buscando apresentar os pontos principais da conferência. “Podemos dizer que o documento de Puebla busca responder quatro questões fundamentais: O que evangelizar? Como evangelizar? A quem evangelizar? Com quem evangelizar?”, disse.
Carlos Heitor também comentou sobre o discurso de abertura, proferido pelo Papa João Paulo II, ao qual o seminarista definiu como “vibrante, duro e de grande impacto para a assembleia”. “O papa […] recordou aos bispos que a primeira obrigação que possuíam era de vigiar pela pureza da doutrina, base da edificação da comunidade cristã e, ainda, assinalou alguns temas prioritários para a conferência: a família, o fomento das vocações sacerdotais e religiosas e a atenção à juventude”, lembrou.
Opção pelos pobres e jovens
Ao falar da opção preferencial pelos pobres, firmada na Conferência de Medellín, e aprofundada na de Puebla, padre Edmar exortou que “nosso compromisso com os pobres não deve nascer de opções ideológicas, mas da nossa opção radical por Jesus Cristo”. Ele também destacou a opção pelos jovens, exposta no documento, lembrando que mais recentemente também começou a ser reforçada pelo Papa Francisco.
O coordenador arquidiocesano disse considerar como “obra do Espírito Santo” as prioridades pastorais da Arquidiocese de Mariana eleitas na 25ª Assembleia Arquidiocesana de Pastoral: Pobreza, Juventude e Família. “Não sei precisar se as escolhas foram, de algum modo, inspiradas no documento de Puebla ou se alguém teve essa intuição, eu penso que não. São exatamente as opções fundamentais de Puebla, que tocam também na Família, que não é opção fundamental, mas está lá”, explica.
Padre Edmar encerrou expondo o sentimento de incômodo que ficou após a pesquisa sobre a conferência. “Fiquei pensando como precisamos ainda crescer nas suas opções fundamentais, a começar por mim. Portanto, não havia outro modo de encerrar essa palestra a não ser pedindo a Deus a graça da conversão”.
Rostos da desolação
Em sua apresentação, padre José Antônio disse ser importante resgatar o espírito de Medellín e Puebla porque “na análise que a gente faz parece que é mais fiel ao início da Igreja, está mais de acordo com a Igreja no seu começo, a proposta inicial de Jesus Cristo”, disse.
Jovens, encarcerados, empregados, pessoas em situação de rua, idosos, atingidos pela mineração e mulheres foram alguns dos rostos da desolação expostos pelo padre. “São rostos da desolação que incomodam, rostos que devem mexer com a gente, devem incomodar a gente enquanto cristãos”.
Parafraseando o papa Francisco, padre José Antonio reforçou que é importante não perder a esperança diante das dificuldades e apresentou iniciativas que ajudam a transformar alguns desses rostos sofredores. “Não deixemos que roubem nossa esperança, há muitas iniciativas boas. Pastoral da Criança e do Menor, catequese renovada, que traz uma proposta diferente de catequizar ou de levar a boa nova ligada à vida, a vivência, projetos do governo, projetos da sociedade e, sobretudo, a família, o carinho e o aconchego. Enquanto Igreja, podemos apoiar e incentivar porque a nossa presença nessas inicitativas podem aliviar o sofrimento de muita gente que sofre”, disse.
Avaliação
Nas palavras de padre José Antônio, a Semana Dom Luciano, é a melhor forma de homenagear o 6º arcebispo da Arquidiocese. “De garantir que continue vivo na luta pela vida, pela justiça, pela dignidade, pelos pobres, uma Igreja fiel a Jesus Cristo. O pessoal sempre diz: Dom Luciano vive na luta do povo. Isso tem que ser verdade”.
O seminarista Pedro Mendes, do terceiro ano de filosofia, vê o evento como uma oportunidade de relembrar compromissos assumidos pela Igreja. “Nós jovens somos o futuro da Igreja. Por isso vejo que é cada vez mais necessário a formação e preparação desses que serão no futuro os continuadores da comunidade dos seguidores de Cristo”, opina.
Fonte: Arquidiocese de Mariana