Encerrando a edição de 2023 do Simpósio Filosófico-Teológico 2023, a manhã desta sexta-feira, 26 de maio, foi marcada por reflexões sobre a comunicação no aspecto religioso e cristão.
Reunidos no Instituto Teológico São José, os presentes participaram da conferência do dia foi sobre “A comunicação da mensagem cristã e as redes sociais”, apresentada pelo Dr. Moisés Sbardelotto, da PUC Minas. O conferencista abordou o tema a partir de quatro pontos fundamentais no processo de comunicação: a comunicação da mensagem cristã; a cultura digital; a enculturação digital e o “método Emaús”.
Segundo o pesquisador, a Teoria da Comunicação foi pensada a partir de uma teoria matemática, na década de 40, em um processo que seria linear, reversível, repetível, determinado e certo. Moisés apontou que, se seguirmos este modelo, o processo comunicativo irá funcionar, porque é matemático e não admite erro.
Entretanto, a cultura contemporânea é extremamente complexa. Temos, no cotidiano, no processo de comunicação, processos ditos: complexo, irreversível, irrepetível, indeterminado e incerto. Dessa forma, a transmissão é controlável, mas o processo de comunicação não controlamos. Comunicar a fé não é tão matemático quanto nós pensamos. Ou seja, comunicação não é só transmissão de informações.
Ancorado no magistério do Papa Francisco, Moisés Sbardelotto recorreu a vários documentos que justificassem a reflexão das mídias digitais. Conforme ele, na Evagelii Gaudium não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com o acontecimento, com uma pessoa. A definição de cultura, segundo o Papa Francisco, é o estilo de vida, uma determinada sociedade que possui da forma de relacionar entre si. Ou seja, na cultura, há uma realidade de comunicação. Do ponto de vista da fé, a graça supõe a cultura, e o dom de Deus encarna-se na cultura de quem o recebe.
Por fim, foram elencadas três “teias pastorais digitais” que tem a capacidade do nos capturar nas mídias digitais, como a visibilidade, a futilidade e a agressividade. Todavia, é preciso saber dialogar com as pessoas, mostrando com a própria vida o caminho verdadeiro. Assim, ele nos apresentou um estilo cristão de presença no mundo digital, conforme disse Bento XVI, com honestidade, abertura, respeito e responsabilidade.
Para o seminarista Vitor Alves, da Comunidade do Propedêutico, “foi uma conferência extremamente necessária. Em tempos em que é cada vez mais preciso evangelizar o mundo, o qual vive muito das mídias digitais, conhecer as características e as necessidades destes espaços é bastante construtivo. Comunicar a mensagem cristã não é apenas transmiti-la, como apontou o Dr. Moisés, mas principalmente vivê-la – não somente na internet, mas na vida concreta. A Igreja deve comunicar o Cristo às pessoas que estão no novo mundo das redes digitais”.
Em seguida, houve o terceiro painel do Simpósio, com o tema “Midiatização, Plataformização e Instagramização da fé” conduzido pelo Ms. Gregory Rial, da UFMG/ANEC. Durante as discussões, apontou-se que o Instagram “joga” o tempo todo com símbolos, imagens, vídeos que prendem atenção de quem assiste.
Por definição, a Midiatização é um princípio que rege as relações, um modelo organizacional da vida, do cotidiano e das prioridades pessoais e coletivas. A midiatização da experiência religiosa e da fé opera em níveis institucionais, comunitários e subjetivos.
Por sua vez, a plataformização pode ser vista como um processo de emergência, alastramento e consolidação das plataformas e suas lógicas enquanto modelo econômico e insfraestrutural dominantes das redes sociais on-line que se expande para outros domínios na vida social, uma vez que as plataformas são formadas por interesses.
Por fim, a instagramização seria um processo em que se transforma a vida em regime de visibilidade que o Instagram informa e tudo estaria em função da postagem a ser feita. Sobre tais temas foram apresentados diversos exemplos, encerrando com debates e reflexões pertinentes à comunicação no ambiente religioso.
Texto: Nillo da Silva Neto, 2ºano de Teologia
Fotos: André Marques e Caio Amora
Fonte: Arquidiocese de Mariana